Aos eternos.

Eu gosto de pensar que somos eternos. Pra sempre. Infinitos. Em nossos abraços. Em nossos sorrisos. Olhares. Por vezes eu queria que só algumas coisas permanecessem. Porque eu não quero pensar na possibilidade de escrever sobre vocês daqui uns anos sem sequer saber por onde andam. Eu quero ter a certeza de que seremos realmente eternos. Infinitos. Apesar de nossas diferenças. Erros. Eu queria que fosse sempre quando eu penso em vocês e sinto meus olhos brilharem, enquanto um sorriso se forma em meu rosto. Eu pareço morrer um pouco a cada vez que concluo que a eternidade não nos abraçará. Porque eu queria que fossemos jovens como já fomos. Porque eu ainda gosto de fazer planos para uma viagem antes que nos tornemos ainda mais velhos e cheios de coisa para fazer. Sem tempo de rever os amigos. Sem tempo de amar um pouco mais. Será possível que realmente não seremos para sempre? Eu simplesmente não sei reagir ao pensar que isso um dia pode acabar. Eu lembro do sorriso com gosto de areia da pré-escola, dos jogos de queimada no fundo do colégio, das disputas de video game, dos brigadeiros queimados, dos nossos segredos, das brigas que não duravam um dia direito, das idas a sorveteria, depois das aulas de específica, das ruas do bairro, das descobertas, intrigas, besteiras, infantilidades. Uma vida - quase que - inteira. Como é que vou me olhar no espelho, ver meu rosto envelhecendo sem lembrar de vocês? Nós temos algo que vai além de obra do destino, ou de sorte, vai além de erros e acertos. O que nós temos é o que me faz acreditar em bons sentimentos. Para sempre. Eu gosto de acreditar que ainda podemos ser eternos.